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domingo, 19 de julho de 2009
ODE AO CEARÁ-MIRIM
Autor: AMARILDO
CEARÁ-MIRIM DOS PALMARES
QUE SE AGITAM PELOS ARES
SOB OS CLARÕES MATINAIS
DO VENTO QUE BEM CONHECE
A SINFONIA QUE TECE
NOS VERDES CANAVIAIS.
CEARÁ-MIRIM
ONDE BRILHA ETERNAL
A PRIMAVERA TROPICAL
SOB O FULGOR DE MIL SÓIS
ONDE NO CALOR DOS NINHOS
GORGEIAM MIL PASSARINHOS
SAUDANDO MIL ARREBÓIS.
CEARÁ-MIRIM
TERRA DE PRAIAS FORMOSAS
QUE DAS ONDAS CAPRICHOSAS
A ESPUMA TRANSITÓRIA
RENDAR-SE, VÊM, NAS AREIAS
ONDE ENCANTADAS SEREIAS
CONTAM AO LUAR SUA HISTÓRIA.
CEARÁ-MIRIM
DO MOVEDIÇO " PAUL"
DO "DO RIO-D´ ÁGUA-AZUL"
DO ESPLENDOROSO IPÊ
DA ROSA VERDE A ENCANTADA
QUE DESABROCHA ORVALHADA
NO HÚMUS DO MASSAPÊ.
CEARÁ-MIRIM BELA TERRA
QUE HERÓIS DE PARA A GUERRA
EM TEMPO E CAMPOS DIVERSOS
HERÓIS QUE O SANGUE VERTERAM
QUE SEMPRE A ENGRANDECERAM
QUANDO NA LUTA IMERSOS.
CEARÁ-MIRIM
DOS RELUZENTES BRASÕES
DAS ANTIGAS TRADIÇÕES
DOS CASARÕES E VIVENDAS
DOS SOBRADÕES ENCARDIDOS
QUE VIRAM AMORES SAÍDOS
DOS CONTOS DE FADA E LENDAS.
CEARÁ-MIRIM DA FIDALGUIA
NOBREZA E ARISTOCRACIA
COMO NUNCA HOUVE IGUAL
QUE OUVIA DE RICAS SALAS
CANTAR UM NEGRO NAS SENZALAS
SUA SAUDADE ANCESTRAL.
CEARÁ-MIRIM
DO SONOLENTO "BANGUÊ"
QUE AÍNDA OUÇO PLANGER
COMO SE VIVO INDA FOSSE
DE UM RICO PASSADO ANTIGO
QUE O TEMPO LEVOU CONSIGO
E NUNCA, NUNCA MAIS TROUXE.
CEARÁ-MIRIM DOS ENGENHOS
AONDE O FRANZIR DOS CENHOS
FEZ MUITO ESCRAVO TEMER
O CASTIGO DOS PATRÕES
E NO TRONCO E NOS GRILHÕES
SOB O CHICOTE GEMER.
CEARÁ-MIRIM
DAS SINHAZINHAS CORADAS
COM SUAS SAIAS BORDADAS
DE MARAVILHOSAS PRENDAS
COM SEUS CABELOS COMPRIDOS
E SUNTUOSOS VESTIDOS
QUE ERAM SONHOS DE RENDAS.
CEARÁ-MIRIM
AO DESFIAR DAS LEMBRANÇAS
EU VEJO AS TUAS CRIANÇAS
COMIGO SEGUINDO A BANDA
OUÇO REPICAR REPICAR TEUS SINOS
VEJO BAILAR TEUS MENINOS
NUMA ETERNA CIRANDA.
EU OUÇO ECOS NA PRAÇA
DAS RETRETAS QUE ERAM A GRAÇA
DA MOCIDADE FELIZ
VEJO AS MOÇAS NOS BALCÔES
VENDO PASSAR PROCISSÕES
NAS FESTAS LA DA MATRIZ.
EU VEJO O TEMPO PARADO
REALIDADE O PASSADO
FAZER DE NOVO, TALVEZ
SINHÁ-MOÇA INDA ME ENCANTA
UM NEGRO TRISTE INDA CANTA
SUA SAUDADE OUTRA VEZ.
E NESSE ENLEVO RISONHO
CONSIGO VER, NO MEU SONHO
TEU PASSADO POSTO A NU
MAS NESSE BELO CORTEJO
EU VEJO TUDO, SÓ NÃO VEJO
OUTRA MAIS BELA QUE TU.
Obs: Tive o prazer de conviver com Amarildo e gozar de sua amizade. A última vez
que nos vimos, ele me ofereceu essa ODE e a dedicou pra mim, escrevendo: " Ao grande
amigo de sempre,Jadson, do seu amigo Amarildo, com afeto.12/08/95."
Foi a última vez que nos vimos. Estavam comigo, Zé Wilson Junior (BITA) e Toinho Parazinho. Descansa em Paz amigo, e até um dia.
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