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domingo, 25 de julho de 2010

25 DE JULHO DIA DO ESCRITOR

O Dia do Escritor nos leva a pensar muito sobre esse desejo inesgotável de escrever compulsivamente e no meu caso esse fascínio foi exercido desde os primeiros anos de vida.
O Primeiro Festival do Escritor Brasileiro se deu em 1960 e com absoluto sucesso por isso mesmo foi baixado um decreto Governamental instaurando-se dia 25 de Julho o “Dia do escritor”. A União Brasileira de escritores (UBE) foi o grande conquistador dessa causa representado por seu Presidente José Peregrino e o vice-presidente, Jorge Amado.
Realmente nada poderia ser mais justo do que transformar essa data em uma comemoração oficial já que os escritores brasileiros, com exceção daqueles que já têm cacife, não recebem estímulo de ninguém, muito menos do governo, tão preocupado sempre com eles mesmos.
E escrever quando se tem aquele dom é muito mais do que amor, é uma paixão irrefreável e compulsiva que nos faz reféns da inspiração a transbordar de nossas almas. É ternura, força e sangue a gotejar com desmedido vigor.
O escritor faz um trabalho na maioria das vezes solitário, porém seu fascínio é tão grande que nada o detém na corrida inesgotável de seus pensamentos e de sua imaginação. Precisa escrever sempre mais e profundamente e nunca chega ao ápice, pois quando pensa que está terminando uma idéia outra chega com mais força derrubando estruturas e se impondo acima de todo e qualquer desejo.
Muitas vezes o escritor não expõe nem divulga seus escritos bem como Alice Dayrell  Caldeira Brant (1880-1970)  com o pseudônimo de Helena Morley, uma escritora brasileira De Diamantina Minas Gerais e ascendência inglesa que escreveu um diário entre 1893 e 1895 na adolescência e publicou-o somente aos 62 anos.

Minha Vida de Menina – O Diário de Helena Morley, foi um best-seller o que muito surpreendeu à autora, um único livro que ela escrevia nos intervalos de seu tempo, mas cujo encanto foi descoberta pelos leitores. E recentemente transformado em filme de longa metragem
A.J.Cronin (1896-1981)  um escritor escocês que  exerceu sua profissão de médico durante anos começou a escrever já adulto e exercendo a profissão de um brilhante médico  e foi dominado por essa paixão trazendo até suas experiências de vida médica para os livros que escrevia. Alguns deles foram best-seller  e sua vida de menino pobre que perdera o pai na infância teve uma influência em sua vida e nos seus escritos.
Vários exemplos poderíamos citar dessa idolatria pela escrita, esse ofício que nos deixa em transe e nos arrasta como um vendaval para caminhos desconhecidos e deslumbrantes onde a natureza, a vida, a morte, os reflexos estagnados em nossos corações  e  o momento supremo em que nos transportamos extasiados  para outras paragens sublima tudo que esteja ao nosso redor.
Escrever é sentir sensações inexplicáveis,viver entre a consciência e a razão, mas sempre idealizando, sonhando, tendo como parceiro o horizonte colorido e iluminado. E no dia 25 de julho abriremos os olhos com a certeza que valeu a pena lutar para realizar esse sonho mesmo que nossos nomes não figurem entre os ícones da literatura. Certos, entretanto da concretização de profundos objetivos, contribuindo com nossa palavra para deixar uma semente que poderá crescer um dia e usando a literatura como a principal meta para disseminar a esperança, a vitória e a solidariedade principalmente nos momentos de crises e decepções.
O Dia do escritor me faz pensar nos grandes expoentes que foram nossos mestres, nos quais nos apoiamos e com quem aprendemos a avaliar em cada linha a qualidade de suas prosas ou poesias. E exaltá-los por todos os momentos em que estivemos em contato com eles, usufruindo a literatura, elevando-a e transformando-a no elo que une todos os seres humanos num movimento de amor e compreensão.
Vânia Moreira Diniz
Julho- 2010


Fonte: Revista  ZAP

ATÉ ONDE ME LEVEM AS FLORES

                                                          LUCIA    HELENA

ATÉ ONDE ME LEVEM AS FLORES
(2009)

Sigo os passos daquela floreira do quintal de minha casa,
Onde pétalas se abriam ao amanhecer, espargindo aromas mil,
Lá, eu via flores azuis, amarelas - crisântemos dourados,
Voando ao léu em pétalas partidas, esvoaçadas.
Até onde me levem as flores, quero alcançar o vôo da águia cinza,
Num horizonte cheio de gaivotas perdidas,
Criando azuis num infinito de solidão,
Aportando numa praia qualquer
Desesperadamente doentes.
Preciso curar as aves, remendar as pétalas das flores
Que se esgarçam ao vento e se debatem,
Como asas de pássaros infelizes,
Sem árvores, rios, sem espaço!
Até onde me levem as flores quero conhecer montanhas
Escalar nuvens e grandes cumes,
Conhecer e amar as planícies esquecidas
E não enxergar mais nada, só o azul celeste
Banhando-me em nuvens cristalinas e perfumadas.

Quero o vento do norte apontando caminhos,
Quero o cheiro da madrugada despindo meus desejos,
Quero a linguagem silenciosa das mariposas - acasalando,
Proliferando a espécie.
Até onde me levem as flores quero um punhado de luz,
Incandescente, avermelhada, espalhando fagulhas
Sobre minhas feridas e curando os meus ais!

Fonte:  Revista Biografia

DOIS CONTOS DE TATIANA CARLOTTI

Tatiana Carlotti - [Dois contos]

Dois Contos de Tatiana Carlotti
CONTO I
Cachaça

Meu avô gostava de fumar sentado nos degraus da varanda. Pouco dizia. Nossa língua era complicada demais para o italiano enraizado dentro dele. Riscava o fósforo e sumia bem ali na nossa frente. Às vezes, minha avó gritava e ele abria os olhos para confirmar se continuávamos lá. Éramos apenas nenas. Um reino de maria-chiquinhas, congas nos pés, saias prensadas.

Naquela época, meu pai trabalhava no correio e minha mãe ensinava datilografia para as moças ricas do Klabin. Ficávamos ali, boneca de pano, jardim, peteca, carrinho e a suspeita que meu avô não sabia direito quem era quem entre nós. Minhas irmãs não se importavam, tinham nojo quando o velho pigarreava e cuspia no chão do quintal. Eu não conseguia tirar os olhos daquele cuspe, vontade de passar a roda do carrinho por cima.

O velho vendia cachaça. Vinha freguês até de Interlagos conhecer sua pinga com pitanga. Paravam a Kombi lá fora e o barulho dos passos e os vidros esverdeados no engradado. Meu avô cobrava caro e quando não queriam pagar o preço certo, expulsava todo mundo, palavrão ladeira abaixo. Depois que iam embora, minha avó desabava: Và fan´culo, Valentim, và fan´culo. Ele retrucava calado e se trancava no barracão. Dinheiro nunca foi razão para o meu avô.
Fonte:  Revista ZAP
O barracão era todo de madeira. Lá dentro, dezenas de barris de diversos tamanhos e aromas. Eu lembro do cheiro forte e da luz sempre suspensa. Era álcool misturado à madeira úmida e à ferrugem das ferramentas em seqüência. De tudo o que me foi proibido até agora, nada se compara ao cheiro daquele lugar.

Talvez não fosse uma proibição verdadeira. A porta sempre esteve aberta e lá dentro, ele fingia não me ver cantando entre os barris. Meus dedos ficavam pretos de pó e eu
 tentava decifrar as letras pintadas num vermelho vivo. De costas para mim, meu avô escrevia em silêncio. O corpo encurvado no banquinho e depois de pé, rabiscando uma coluna de números na lousa verde. Minhas irmãs brincavam lá fora. Minha avó cozinhava alguma coisa. Eu e meu avô, sem saber, estávamos presos naquele aroma.

Então, numa daquelas tardes, quando eu saia do barracão, ele largou o giz e se virou imenso. Os olhos dele eram de uma transparência assustadora. Meu avô perguntou quantos anos eu tinha. Eu respondi e peguei as suas mãos estendidas. Entramos no corredor e diante de um barril, ele despejou num copinho um dedo de pinga para mim.

Senti o odor que evaporava do copo e de repente, era aquele o cheiro que vinha dele. Quando o líquido amoleceu a minha língua, meus olhos se encheram d´água e eram as coisas todas de uma quentura amarga. Meu avô, numa felicidade estranha, deu um tapa de homem para homem nos meus ombros. Depois, arregalou as sobrancelhas e bebeu a sua dose num só gole.

Nós sorrimos cúmplices e finalmente, o velho perguntou qual era o meu nome.

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Conto 2

Anéis de Fumaça

Sete e trinta da noite. Elis & Tom, meia luz e o riscar do fósforo na caixinha. Cada cigarro tem um sabor diferente, João sempre dizia. Eu fumo um por dia, no mesmo horário, sentada na minha janela. Às vezes, alguém acena da rua e eu finjo que não vejo. Às vezes, o telefone toca e eu finjo que não estou. É o ir e vir da fumaça. É a cidade que trago dentro de casa.

Da primeira vez, eu não sabia. Era a vertigem da fumaça e a infinidade de luzes e apartamentos. Eu me apoiei no parapeito da janela, estava tonta, mas depois que meus olhos acostumaram, nunca mais dormi na penumbra. Deixei a escuridão do meu quarto na Vila Brasilina, lugar dos nomes próprios, das boas e más companhias e decidi morar no centro, porque a luz é um fato nessa cidade, mas João achava isso besteira. Ele dizia que de manhã era tudo cinza, faltava cor, faltava vida e chacoalhava a latinha de spray nas mãos, brincando de pintar estrelas nas minhas pernas. Vira e mexe, encontro os desenhos que ele fazia em mim nos muros da cidade. Dá um aperto.

Da segunda vez, eu senti a nicotina. Era poeira e asfalto molhado. Eu sentei no meio fio até a náusea passar. É desconcertante ser um corpo e só um corpo, no meio desse concreto todo. São texturas que se estranham. Não são morros, não são folhas, não é nada que nasça, cresça, reproduza e morra. Não. A paisagem é a suspeita do elemento humano que a habita, mas eu jamais tenho certeza. Eu apenas suspeito atrás dos vidros uma presença, que na maior parte das vezes, é o meu próprio reflexo. Porque o concreto é um fato nessa cidade e ela foi concreta com João. Ele queria expor na Bienal, não conseguiu. Ele queria entrar na faculdade, mas precisava trabalhar. Depois foi a história do teatro experimental, o cenário que ele grafitou sem ganhar um centavo. Era noite de estréia, a gente na Treze de Maio, João me contou que o crânio do avô estava cimentado no viaduto. Que horror, a cabeça do avô nos meus pés, a mão do neto nos meus ombros.

João queria esquecer que cedo ou tarde, também estaríamos cimentados em algum arranha-céu. Ele defendia sua liberdade, queria fruir todos os tipos de arte. Nós corríamos pelos museus, teatros, cinemas, rodas de choro. Minhas mãos suavam e escorregavam das mãos dele. João nem percebia. Vem. Dava sinal para um ônibus e eu entrava esbaforida. Lembro de um dia, fila de cinema, meu reflexo no espelho e alguma coisa faltando. Era mostra no Cinesesc. Quando entramos, João me levou para sentar no bar, as luzes se apagaram e da nossa mesa, eu pude ver a tela. João envergava o corpo para entrar no filme, às vezes, seu rosto ficava escuro e eu só via a pontinha acesa do cigarro. Na saída o veredicto. Gostou do filme? Eu só queria fumar como você.

Hoje eu admito, foi João quem me ensinou a tragar. Logo nas primeiras vezes, ele fazia anéis de fumaça com a boca para eu pegar no ar. A fumaça passava pelos dedos, o cheiro ficava na pele. Ele queria dizer que nada é eterno porque o efêmero é um fato nessa cidade, mas isso, eu já sabia. Antes de ir embora, naquela maldita manhã de carnaval (as crianças andavam fantasiadas pelas ruas e borrifavam água dentro dos carros), eu perguntei: João, como se traga? Ele tirou o maço do bolso e pela primeira vez acendeu o meu cigarro. Você puxa a fumaça devagar e a deixa descer pela garganta. Tá sentindo? Não, não sopra antes. Tenta mais uma vez. Isso. Não é bom?

Então, eu percebi a semelhança. Eu tinha o cabelo bem curto e ele também. Éramos da mesma altura. Havíamos estudado em colégio municipal, filhos de pais separados, cartão de ponto, sem carro. Éramos tão iguais que eu olhei para ele e não sabia mais quem ele era. João era eu. Duas semanas depois, exausto de mim, ele soltou: Você não me acrescenta em nada. Ele estava puto porque também não conseguia me ver.

Vinte para as oito. Algumas luzes se acendem, outras se apagam. A vida média de um cigarro é de dez a quinze minutos. Foram quatro maços com João e não sei quantos sem ele. Hoje, não me lembro mais do seu rosto, a cidade apaga a memória, os carros passam, os faróis ficam verdes. Prefiro assim. Acostumei a me esquecer dos nomes e a caminhar entre estranhos na rua. Certa vez, ao acender o meu cigarro, um desses estranhos disse que o último trago sempre se parece com o primeiro. Ele tinha razão. Deve ser por isso que fumar vicia tanto.

Tatiana Carlotti
Todos os Direitos Autorais Reservados a Autora

sexta-feira, 16 de julho de 2010

TODO DIA COM A PAZ

Todo Dia Com Paz

Sábado 17 Julho
O Senhor é varão de guerra (Êxodo 15:3).
Meditações sobre o livro de Josué (Leia Josué 8:14-23)
“Então, que farás ao teu grande nome?”, Josué perguntou (7:9). Agora que o pecado foi removido e Israel está buscando a Deus, Ele responde dando-lhes a vitória. O homem que conquistou essa vitória e cujo nome é repetido muitas vezes em nosso relato é Josué, que novamente representa Cristo liderando Seu povo nas batalhas. Por meio de sua lança apontada para a cidade, conforme a ordem do Senhor, Josué demonstra quem está no comando e nos lembra que existe uma estratégia, um plano que somente ele conhecia. Isso é exatamente o que o Senhor Jesus é para nós! Ele sabe que papel cada um dos soldados tem a desempenhar, pois os coloca em seus postos e lhes dá o sinal para cada movimento. Ao olhar para Cristo, assim como o soldado olha para o estandarte de seu líder, saberemos o que fazer, e nossa coragem será fortalecida. Não esqueçamos que não batalhamos sozinhos; temos irmãos e irmãs que enfrentam a mesma batalha. No entanto, nosso conflito não é como os do tempo de Josué: públicos, gloriosos e espetaculares. Via de regra, nossas vitórias são obtidas de joelhos em nosso quarto; e a única testemunha é o próprio Senhor

TEATROLÓGO INÁCIO MEIRA PIRES

Texto de   JADSON  QUEIROZ




Inácio de Meira Pires, nasceu em Ceará-Mirim, no ano de 1928, na antiga rua São José, vizinho ao Centro Esportivo e Cultural. Descendente da estirpe dos Meira, sendo o Eminente Humanista e Jurista Dr. Olyntho José Meira, o seu bisavô. Desde muito cedo despertou-lhe a vocação teatral, fazendo teatro no quintal de sua casa. Estava nascendo aí, o maior homem de teatro do Rio Grande do Norte e o primeiro Teatrólogo filho de Ceará-Mirim.

Vindo morar em Natal, fundou o Teatro Mocidade e o teatro de Bairro. Escreveu a sua primeira peça que se chamou de Destino. Aos 19 anos ocorria o lançamento da sua comédia, nacionalmente, O Bonitão da Família, por nada mais, nada menos do que o maior ator da época Procópio Ferreira. De então em diante, não fez outra coisa, senão se dedicar de corpo e alma ao teatro, quer seja escrevendo, dirigindo ou representando.

Na peça - ainda inédita - O homem é o lobo do homem - a evocação do Ceará-Mirim está presente no diálogo de Bento e Dorinha, lembrando o bueiro do Engenho Jericó, a igreja de torres compridas, a Virgem da Conceição. Nesta peça, Meira Pires mostra todo o seu amor por Ceará-Mirim, a sua terra amada. Lembra o menino da rua São José, que passou a sua infância entre o seu Jericó e a rua que tanto amava.

Foi Meira Pires, o primeiro filho do Nordeste a ocupar o cargo de Diretor do Serviço Nacional de Teatro, onde lançou o Plano Nacional de Popularização do teatro, recebendo por isto, a homenagem da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT), colocando no jardim do Teatro Alberto Maranhão, o seu busto. Além disso, várias placas em bronze assinalam as atividades fabulosas em benefício da cultura teatral brasileira.

Foi biógrafo amoroso e conservador do grande Alberto Maranhão, o mecenas da cultura do Rio Grande do Norte. por mais de vinte e três anos Diretor e Superintendente do teatro Alberto Maranhão. Meira Pires, fazia do Teatro Alberto Maranhão, o seu lar artístico durante toda a sua vida. De temperamento forte, predestinado para vencer desafios, Meira, era um amigo leal e sincero. relembro Meira boêmio, o notívago, o pai amável, o esposo querido, o cidadão comum. Meira a figura humana da paisagem da cidade, sua presença marcante dentro da noite, varando madrugadas na conversa gostosa das esquinas e bares. Ninguém melhor do que ele soube viver o dia-a-dia desta cidade.

Foi Meira Pires, o primeiro filho do Nordeste a ocupar o cargo de Diretor do Serviço Nacional de Teatro, onde lançou o Plano Nacional de Popularização do teatro, recebendo por isto, a homenagem da Sociedade Brasileira de Autores Teatrais (SBAT), colocando no jardim do Teatro Alberto Maranhão, o seu busto. Além disso, várias placas em bronze assinalam as atividades fabulosas em benefício da cultura teatral brasileira.

Câmara Cascudo certa vez o chamou de Ventania do Nordeste.

Na sua posse na Academia Norte-Riograndense de Letras, foi saudado, pelo Escritor filho de Ceará-Mirim, Nilo Pereira, que em seu discurso, chamou aquela noite maravilhosa, de a noite do Ceará-Mirim, pois lá estava o mestre Edgar Barbosa, filho também do Ceará-Mirim.

Na sua saudação a Meira Pires, disse o Mestre Nilo Pereira: “Creio que levais as folhas secas, para que na estrada, às vezes à espera, reverdeçam as árvores do idealismo sempre posto à prova. Mais do que, como disse o mestre Cascudo, ventania, acontece às vezes desabais como furacão. Podemos sentir à distância os prenúncios da tempestade”. Mostra Nilo Pereira, nesta saudação a Meira Pires, toda a força intelectual deste cearamirinense bravo e forte. Escrevendo na orelha do livro de Meira Pires, “Teatro Alberto Maranhão e seu Patrono” disse o escritor Veríssimo de Melo: “Tudo isto é trabalho de um homem lúcido e determinado, que não mede sacrifícios para a consecução dos seus ideais, que ama verdadeiramente a arte cênica e para a qual o teatro é a razão maior de ser de sua vida”. Vejamos abaixo as obras publicadas e não publicadas de Meira Pires:.A mulher de preto (monólogo em dos atos); Um resto de tragédia (tragédia moderna em 3 atos); Teatro (contendo as peças Bonitão da Família e Senhora de Carrapicho); João Farrapo (peça em três atos); Cabeça do mundo (peça em três atos); Teatro que aprendí (estudos); Teatro Alberto Maranhão e seu Patrono (síntese histórica); O papel da Reserva Militar (conferência); Caxias, O Pacificador (conferência); TENAT (Um projeto cultural (discurso); Uma política de Teatro no desenvolvimento do Nordeste (estudo), dentre outras.

Hoje, relembramos um pouco da vida ínsigne teatrólogo. Tive a honra e a felicidade de ter privado de sua amizade, como seu compadre, amigo e companheiro de ofício. Ele costumava dizer que era o primeiro teatrólogo do Ceará-Mirim, e eu, o segundo, pois eu havia vindo depois dele. Não é por acaso que se nasce em Ceará-Mirim; não tive esse privilégio, mas nesta amada terra eu crescí, aqui nasceram meus filhos e hoje, parte dos meus netos, estão nascendo lá.

Meira Pires, faleceu prematuramente em novembro de 1982. Tem um personagem de Shakespeare chamado Hamlet, que ferido mortalmente, olhando o mar diz: “...só resta o silêncio...” Para você Meira Pires eu diria, olhando para o rio Ceará-Mirim ou Rio Azul, ferido não pela adaga do inimigo, como o personagem citado, mas sim, ferido pela saudade eu diria: só resta o silêncio profundo da tua ausência querida.

Esperamos que o Ceará-Mirim, através da Prefeitura Municipal e dos órgãos de cultura, façam Justiça prestando homenagem a este seu filho ilustre.

RELEMBRANDO...

  O  BLOGUEIRO (Jadson), na época do TEATRO DE ESTUDANTES DE CEARÁ-MIRIM,
na década de 60.   Bons  tempos!!!!!

GÊNIOS DO TEATRO

nelson Rodrigues, nasceu da cidade do Recife - PE, a 23 de agosto de 1912. Começou a freqüentar o ambiente jornalístico ainda muito cedo, trabalhando no jornal do pai, Mário Rodrigues como repórter policial, aos treze anos. Após a morte de seu pai começou a trabalhar para o jornal O Globo, em 1931. De saúde muito frágil, passou sua vida em redações de jornais e lutando contra a tuberculose e outros males. No ano de 1941 lança sua primeira peça, ´A mulher sem pecado´, sem grande repercussão. Mas em 1943 aparece ´Vestido de noiva´, uma revolução em linguagem e estilo teatrais nos anos 40 na ousada montagem de Ziembinski. Mesmo com a fama que seu trabalho teatral começa a lhe trazer, os assuntos financeiros sempre foram motivo de preocupação na maior parte de sua vida e Nelson continuou a escrever em O Globo e outros jornais e revistas. Em O Jornal, aparece com o pseudônimo de Susana Flag e lança a série ´Meu destino é pecar´, em 38 capítulos de enorme sucesso, o que o levou a lançar uma segunda série, ´Escravas do amor´. Em 1948 publicou ´Núpcias de fogo´, ainda como Susana Flag, e a peça ´Anjo Negro´. No ano seguinte passou também a responder cartas de leitoras com o nome de Myrna. Em 1950 estreou ´Dorotéia´ e começa a escrever, para o Última Hora, a série ´A vida como ela é...´ Em 1954 lançou ´Senhora dos afogados´, com direção de Bibi Ferreira. Uma única vez trabalhou como ator, na sua peça ´Perdoa-me por me traíres´. Foi para a televisão, em 1960 como comentarista no programa ´Grande Resenha Facit´, na TV Rio. Escreveu a novela ´A morte sem espelhos´, que foi censurada, como toda a sua obra, aliás. Nos anos 40 e 50, Nelson era atacado por ser ´ousado´, e foi igualmente perseguido nos anos 70 por ser ´retrógrado´, mas continuou a ser Nelson. Escreveu sua última grande peça, ´A serpente´, em 1979 e faleceu no ano seguinte, a 21 de dezembro.


TEATRO
Teatro completo- "Editora Nova Fronteira" - 1981-89.
A obra teatral de Nelson Rodrigues é composta de 17 peças, que, em sua edição completa foram divididas em quatro blocos:

-Peças psicológicas
A mulher sem pecado - Nelson Rodrigues, enfrentando dificuldades financeiras, teve a idéia de escrever uma chanchada para ganhar dinheiro. A iniciativa resultou em sua primeira peça, A mulher sem pecado, que não era uma chanchada e tampouco trouxe dinheiro a seu autor. Este texto, escrito em 1941, já trazia os valores dramáticos, temáticos e poéticos que consagrariam o autor como o grande renovador do teatro brasileiro. "A mulher sem pecado" narra as aflições de Olegário, homem que sente um ciúme doentio por sua mulher, a jovem e bela Lídia. Ele dá dinheiro extra a seus empregados para que eles investiguem a vida, o passado e todos os passos de sua esposa. Mas os testes de Olegário acabam tendo um efeito contrário.
Vestido de noiva - A peça que revolucionou o teatro brasileiro conta a história de Alaíde, moça atropelada por um automóvel que, enquanto é operada no hospital, relembra o conflito com a irmã, Lúcia, de quem tomou o namorado, Pedro, e imagina seu encontro com Madame Clessi, cafetina assassinada pelo namorado de 17 anos. Influenciada pelas idéias de Freud, a história é contada em três planos - o da realidade, em que ela é operada e seu acidente é comentado por jornalistas; o da alucinação, em que surge Madame Clessi, que Alaíde conheceu lendo o seu diário; e o da memória, em que ela lembra o triângulo amoroso com Lúcia e Pedro. O enredo abusa de flashbacks, recurso, na época, usado apenas no cinema.
Valsa nº 6 - Enquanto executa a 'Valsa n. 6', peça musical de Chopin, Sônia é apunhalada pelas costas. Mesmo morta, a adolescente de 15 anos tenta, durante um período de sobreexistência espiritual, montar o quebra-cabeça de suas memórias e reconstruir os acontecimentos de sua vida.
Viúva, porém honesta - Vista como uma vingança e um desabafo de Nelson Rodrigues contra médicos, psicanalistas, jornalistas e especialmente contra a crítica teatral, a "farsa irresponsável em três atos" mostra um dono de jornal sem escrúpulos que, para discutir o problema da filha Lucy, promove uma reunião com um médico, um psicanalista, uma cafetina e até o diabo (papel de Jece Valadão). De esposa adúltera, Lucy se torna uma viúva respeitosa que não quer mais sentar depois da morte do marido, Dorothy Dalton, delinqüente juvenil transformado em crítico de teatro e obrigado a se casar com a filha do patrão, apesar de ser homossexual. Além de um contra-ataque, a peça também serviu como embrião para tipos que foram retomados em trabalhos posteriores. O doutor J.B. de Albuquerque, dono do jornal, pode ser considerado o primeiro molde do dr. Werneck, de Bonitinha, mas ordinária, assim como a tia solteirona que gostaria de ter 3.500 amantes reaparece em Toda nudez será castigada.
Anti-Nélson Rodrigues - "Anti-Nelson Rodrigues" foi escrita em 1973, sob encomenda para a atriz Neila Tavares, que há muito pedia a Nelson que lhe propiciasse um texto original. Da insistência da atriz resultou esta peça, que narra a história do filho do casal Tereza e Gastão. Oswaldinho, jovem mimado pela mãe e desprezado pelo pai, inescrupuloso, ladrão e mulherengo, se torna dono (por insistência de Tereza) de uma das fábricas do pai e se apaixona por uma funcionária recém-contratada da fábrica, a jovem e incorruptível Joice. Acostumado a ter tudo o que quer, Oswaldinho tenta comprar Joice. Mas a pura Joice espera por um amor desde menina e não se deixa levar pelo dinheiro. Será preciso mais, muito mais para ela ceder.
-Peças míticas
Álbum de família - Nelson Rodrigues desmistifica a imagem aparentemente normal de uma família. Enquanto um speaker (locutor) faz elogios à harmonia e à felicidade da família completamente falsos, seus componentes posam para retratos (“O speaker é uma espécie de Opinião Pública”, orienta Nelson na abertura do primeiro ato), num espaço de tempo que vai de 1900 até 1924. A peça mostra as obsessões incestuosas que corroem seu interior e resultam em diversos atos de violência e perversão sexual. “Álbum de família, a tragédia que se seguiu a Vestido de noiva, inicia meu ciclo do ‘teatro desagradável’. Quando escrevi a última linha, percebi uma outra verdade. As peças se dividem em interessantes e vitais”, afirmou o dramaturgo. A peça foi fundamental, segundo o próprio Nelson para que ele se tornasse um “abominável autor”. Depois de sua encenação, conta, “por toda parte, só encontrava ex-admiradores”. A obra foi proibida durante vinte anos por “preconizar o incesto e incitar ao crime”, segundo a censura da época.

Anjo negro - A peça, que esteve sob censura durante dois anos, narra a polêmica história de Ismael, negro que renega a própria cor, e de sua mulher, Virgínia, branca filicida que não aceita a prole mestiça gerada, na relação com o marido. Tomada pelo louco desejo de ser mãe de um filho branco, Virgínia comete adultério com Elias, o irmão de criação branco e cego de Ismael. Desse breve envolvimento nasce afinal uma criança, branca como a neve, para a felicidade da mãe. Mas o nascimento é apenas o desencadeador de novas tragédias.
Senhora dos Afogados - A estréia da atriz Nathalia Timberg (no papel de Dona Eduarda, a mãe) dividiu o público no Teatro Municipal em 1954. Ao final da apresentação, dirigida por Bibi Ferreira, parte da platéia gritava "Gênio" e outra, "Tarado" – o que fez Nelson subir ao palco para chamar de "burros" a segunda metade. A peça foi censurada em 1953 e só foi liberada no ano seguinte graças à interferência do jornalista Otto Lara Resende, amigo de Nelson e do então recém-nomeado ministro da Justiça do segundo governo Getúlio Vargas, Tancredo Neves. O texto conta a história da família Drummond, assombrada pela morte das filhas por afogamento, pelo incesto e pelo assassinato de uma prostituta no passado, atribuído a Misael, o pai.
Dorotéia - Dorotéia, ex-prostituta que largou a profissão depois da morte do filho, vai morar na cada de suas primas, três viúvas puritanas e feias que não conseguem enxergar os homens e não dormem para não sonhar. Ao contrário das mulheres da família, Dorotéia é bonita, exuberante, e não tem aversão aos homens. Mas, em troca de abrigo, aceita se tornar tão feia e puritana como as primas.
Tragédias Cariocas I
A falecida - A obra teatral de Nelson Rodrigues exibe o olhar irônico e satírico deste dramaturgo genial sob re um país e uma sociedade em transformação vertiginosa. Nas 17 peças que escreveu ao longo de sua carreira, ele inaugurou e consolidou o modernismo no teatro brasileiro. A falecida conta a história de uma mulher frustrada do subúrbio carioca, a tuberculosa Zulmira, que não tem mais expectativas na vida. Pobre e doente, sua única ambição é um enterro luxuoso. Zulmira quer se vingar dos ricos e, principalmente, de Glorinha, sua prima e vizinha, que não lhe cumprimenta mais. Mas o marido dá a ela um desfecho completamente diferente. A falecida estreou em 1953 com uma originalidade que atraiu a atenção de público e crítica -a multiplicidade de cenários: num espaço vazio, o único objeto fixo eram as cortinas, e os próprios atores moviam cadeiras e outros acessórios pelo palco.

Perdoa-me por me traíres
Glorinha tem 16 anos e perdeu a mãe, assassinada por seu tio Raul. Objeto de desejo do assassino, ela é ferozmente vigiada por ele, sob o pretexto de preservar sua castidade. Mas, conduzida por uma colega de escola que é prostituta, Glorinha acaba conhecendo e se fascinando pelo mundo dos bordéis, ao mesmo tempo em que prepara uma terrível vingança contra o tio. Raul, personagem abominável da criação rodriguiana, foi vivido pelo próprio Nelson Rodrigues durante a temporada de estréia da peça, em 1957.
Os sete gatinhos - A família Noronha parece ser tão normal quanto qualquer outra. No entanto, se esconde sob as aparências. Quatro das cinco filhas da família se prostituem para garantir a castidade e a boa educação da mais nova, Silene. Só que Silene não é a virgem que todos pensam ser, e nem seus pais estão livres de terríveis perversões.

Boca de ouro - Tragédias Cariocas IIBoca de Ouro é bicheiro, típico malandro carioca, e em certo momento da vida decide trocar todos os seus dentes por uma dentadura de ouro maciço. Em texto ágil e moderno, Nelson Rodrigues narra a história em três diferentes versões.
O beijo no asfalto - Esta tragédia carioca em três atos, escrita em 1960 e encenada pela primeira vez em 1961, conta a história de um homem que beija um atropelado agonizante na rua e é acusado publicamente de ser homossexual - até mesmo por sua mulher - trazendo à tona a hipocrisia e a falsidade das relações humanas.
Otto Lara Rezende ou Bonitinha, mas ordinária- Edgard, um simples contínuo, recebe uma proposta tentadora: se casar com a filha do dono da empresa em que trabalha, a bela Maria Cecília, que alega ter sido estuprada por cinco negros. O problema é que Edgard gosta de Ritinha, vizinha pobre que sustenta a mãe louca e as três irmãs prostituindo-se. Ignorando a profissão da bela menina, ele não quer aceitar o casamento com Maria Cecília para ficar com seu amor verdadeiro.
Toda Nudez Será Castigada - Herculano é um viúvo que sofre as dores da perda de sua amada esposa. Certo dia, ele é presenteado pelo irmão com uma garrafa de bebida e uma foto da prostituta Geni, nua. Três dias depois, o viúvo acorda num bordel ao lado da moça. E então começa um obsessivo e apaixonado caso entre os dois. Herculano, cego de paixão, vai se opor a toda a família se casando com Geni. Mas acontecimentos inesperados transformam para sempre o futuro que ele imaginava.
A serpente - A obra teatral de Nelson Rodrigues exibe o olhar irônico e satírico deste dramaturgo genial sob re um país e uma sociedade em transformação vertiginosa. Nas 17 peças que escreveu ao longo de sua carreira, ele inaugurou e consolidou o modernismo no teatro brasileiro. Num mesmo apartamento, moram as irmãs Guida e Lígia, e seus respectivos maridos, Paulo e Décio. Sexualmente infeliz, ainda virgem depois de quase um ano de casada, Lígia desfaz seu casamento e pensa em morrer. Para ajudar a irmã, Guida lhe faz uma proposta: que Lígia passe uma noite com Paulo. Depois dessa noite, nada será como antes. Forma-se então um triângulo amoroso, capaz de alcançar todos os extremos. Escrita em 1978 e encenada em ato único, A Serpente é a última peça de Nelson Rodrigues.


UM RESGATE A HISTÓRIA DO VALE

FERNANDO CALDAS - DEPUTADO ESTADUAL - 23456

*Por Aluízio Lacerda

Na  verdade o popular Fanfa é uma criatura de muitos requesitos para ir a luta, nascido na Taba-Açu originária, família de conceituação histórica, exerceu na terra dos poetas mandato de vereador, sendo presidente do legislativo, possui uma reminescência de amizade calcada nos critérios de uma juventude inteligente e salutar.

Fanfa, sempre se utilzou de uma comunicação respeitável, tratando com cordialidade aliados e desafetos, sua retórica tem aprofundamento da cultura e do saber, faz na atualidade um resgate cultural, das boas coisas do vale, sempre reproduzindo lindos contos, belas poesias, mostrando com satisfação a grandeza dos nossos talentos, essencialmente dos que fizeram parte desta história, lembrando sempre daqueles que o destino cumpriu o sagrado dever de levar para o hemisfério dos que vivem em plano superior.

Escritores, poetas, cordelistas, educadores e políticos, são personagens do seu trabalho, fazendo diuturnamente em seu blog a "História Viva do Vale do Assu".

Receba amigo Fanfa nosso fraternal abraço, desabroche com coragem e abnegação a potencialidade do seu ideal, continue sendo o grande menestrel das nossas riquezas, seja o vapor efervescente da fornalha inteligente dos adptos da sua geração, prossiga sua caminha em busca do alvorecer idealista, sonhando com realidades susceptíveis de bonança, progresso e desenvolvimento.

Fanfa continue insistindo na contribuição democrática, exercendo sua cidadania em pé de igualdade com as diferentes matrizes do processo eleitoral, não se preocupe com resultado, não se intimide com efeitos, bata sempre palmas para a causa que bem defendes, vá a luta provando o seu valor, guardado no inesgotável acervo de conhecimento do universo político regional, seja um redistribuidor de idéias, propostas e alternativas a este sofrido Rio Grande do Norte.

*Aluizio Lacerda é professor, blogueiro potiguar de carnaubais - artigo transcrito do blog de Aluizio Lacerda, em 15.7.010.

Nota do blog: Fanfa é o apelido desde menino do autor deste blog.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

RELEMBRANDO...

Pelo Teatro de Amadores de Natal - TEA
Festival do Autor Potigual ano de 1960.
O blogueiro é o primeiro da direita para a esquerda.                                                                                                                           

CANTINHO DA CRÔNICA

Perdão!

Acordo. Olhos assustados. Corpo – suado, tremulo. Chuva. Raios, trovões. Na janela, as gotas pintam o desespero. Arrepios. O medo percorre o meu corpo.
O silêncio, cortado pelo grito dos trovões. Paredes e piso sólidos. Mas gelados. Um calafrio. No espelho, medo. Angustia. E nos meus pensamentos, bombardeios de solidão.
Mesa, cadeira. Café – forte e frio. Pão – seco, sem gosto. Tudo parece olhar-me e o medo perturba-me.
Novamente o silêncio.
Agora, interrompidos por um barulho que lacrimeja o meu ouvido. O telefone... e a noticia.
Uma erupção de palavras queima os meus pensamentos. E agora? Que sentido faz? Por quê? Uma lágrima... Agressões, medo, angustia, opressão, tristeza e... culpa. Consomem o meu corpo. Fico fraco, leve, sem rumo. A minha vista escurece. Nada mais tem sentido, nem cor, nem nada. Quero gritar, pedir por ajuda, mas as palavras não vêm, não obedecem a minha vontade. A escuridão chega...
Lentamente abro os meus olhos. Sinto meu corpo – fraco, cansado. Procuro alguma luz. Lá fora, apenas a noite e a escuridão da cidade. A chuva, os raios, os trovões. Nisso um retrato. Perdido entre um manto de poeira. Desperta-me forte lembrança e uma dolorosa saudade. Mais uma lagrima. Culpa. Retrato, tesoura, retrato. Silencio. Trovões.
O cansaço chega e vai me carregando. Cama, travesseiro, cobertor. Os meus pensamentos mergulham nos meus sonhos – escuros, sombrios. No seu infinito: a luz. É meu pai, carregado por anjos. A ele um único pedido: Perdão! Trovões. E tudo se perde, desaparece. Segue outro rumo. E retorna para a nebulosa escuridão.
Silêncio. Trovões...
Robson Rodrigo dos Passo

FONTE: Blog Academia de Escritores

ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS E ARTES - ACLA

Edição experimental. Junho de 2010. Editado pela comissão organizadora da ACLA
A ACADEMIA CEARAMIRINENSE DE LETRAS E ARTES
ACLA - VAI ESTIMULAR A CULTURA DO MUNICÍPIO
Uma comissão organizadora cuida da fundação da Academia Cearamirinense de Letras e Artes – ACLA, entidade que já nasce com o compromisso de estimular e preservar a riquíssima cultura da terra dos canaviais.
Composta por Gibson Machado, Lúcia Helena Pereira, Bartolomeu Correia de Melo e Pedro Simões, cearamirinenses nascidos ou adotados pela cidade, comprometidos com a cultura em suas mais variadas formas, a comissão já concluiu a as iniciativas necessárias à constituição da ACLA.
“Já contamos com Estatuto, relação de patronos, candidatos a acadêmicos e até mesmo um brasão” – relata Simões. “Temos o apoio da Academia Norte-rio-grandense de Letras e de alguns dos mais importantes intelectuais do nosso estado” conclui Pedro Simões.
De fato, a relação de patronos faz inveja a qualquer instituição cultural, dado a expressão literária dos relacionados e a sua importância no contexto regional e até nacional.
Rodolfo Garcia, por exemplo, foi membro a Academia Brasileira de Letras e a biblioteca dessa entidade tem o seu nome. Escritores como Jayme Adour da Câmara, e Júlio Gomes de Sena, de projeção nacional. Gente tombada pelo patrimônio cultural nordestino, como Nilo Pereira, Edgar Barbosa e Maria Madalena Antunes Pereira.
Poetas que fazem parte de qualquer antologia do nosso estado, tais como Juvenal Antunes, Adele de Oliveira e Anete Varela. Figuras de expressão até mesmo da política e da dramaturgia, do porte de Augusto Meira e Inácio Meira Pires.
Educador do nível do Padre Jorge O´Grady, festejado como notável em outros estados da federação.
Para que se tenha idéia de como anda a memória cultural do município, a maioria dos leitores com certeza ignorava o berço da maior parte dos patronos, não sabe nada, ou pouquíssima coisa sobre suas obras.
Pois a ACLA vai exigir dos seus acadêmicos uma monografia sobre cada um dos patronos para editá-las e distribuí-las nas escolas públicas e bibliotecas, com vistas à formação de uma consciência cultural regional.
Muita gente também desconhece os valores culturais contemporâneos. Gente que honra o patrimônio intelectual do município, tais como Sanderson Negreiros, um dos mais importantes escritores do Rio Grande do Norte, Bartolomeu Correia de Melo, reputado como um dos maiores contistas do país, Franklin Jorge, crítico literário, escritor, cronista do Ceará-Mirim, Inácio Magalhães de Sena, dos mais eruditos intelectuais do estado, autor de dois livros de memórias sobre o município.
Maria Lúcia Pereira, a poeta que tem no verde vale a sua fonte de inspiração, Anchieta Cavalcanti, jornalista, escritor e com um passado dedicado às artes cênicas da nossa terra e Pedro Simões, memorialista, cronista e contista que apropriou em seus livros o modo cearamirinense de ser.
E, finalmente, o escritor e arquivista da memória do Ceará-Mirim, Gibson Machado, grande animador da cultura popular e cioso guardião da história municipal.
A comissão organizadora da ACLA aguarda o fim do período eleitoral para implantarem a entidade, receosos de que a política partidária possa conduzir os nobres propósitos da instituição a rumos diversos dos pretendidos.
Até o momento em que editamos esse veículo, inúmeras tentativas foram feitas no sentido de obter apoio dos poderes constituídos do município – a Prefeitura e a Câmara Municipal – através dos seus titulares e nenhuma resposta foi dada, nem mesmo para que os membros da comissão fossem recebidos em audiência.

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PÉROLAS DO CORDEL

                             DE    Eudes   Martineri

"DO TEMPO DO MEU AVÔ"

Eu tenho muito orgulho
De ser aqui do Nordeste
Lugar de gente boa
Lugar de ¨cabra¨ da peste
Tanto os que moram na Praia
Os dos Sertão e Agreste.

Tenho muitas lembranças
Do tempo do meu Avô
Que nem o tempo e a morte
Da minha mente afastou
Das palavras e frases belas
Como no jardim tem a Flor.

Vou tentar lembrar de coisas
Que naquele tempo vivia
Coisas até engraçadas
Se tivesse lá você ria
Palavras chulas e fortes
Que lá o povo dizia...

Fonte:    Martineri   Artes

RESPOSTA A REVISTA VEJA

Andréa Pimpão.

Sou professora do Estado do Paraná e fiquei indignada com a reportagem da jornalista Roberta de Abreu Lima “Aula Cronometrada”. É com grande pesar que vejo quão distante estão seus argumentos sobre as causas do mau desempenho escolar com as VERDADEIRAS razões que geram este panorama desalentador.

Não há necessidade de cronômetros, nem de especialistas para diagnosticar as falhas da educação. Há necessidade de todos os que pensam que: “os professores é que são incapazes de atrair a atenção de alunos repletos de estímulos e inseridos na era digital” entrem numa sala de aula e observem a realidade brasileira. Que alunos são esses “repletos de estímulos” que muitas vezes não têm o que comer em suas casas quanto mais inseridos na era digital? Em que país de famílias oriundas da pobreza trabalham tanto que não têm como acompanhar os filhos em suas atividades escolares, e pior em orientá-los para a vida? Isso sem falar nas famílias impregnadas pelas drogas e destruídas pela ignorância e violência, causas essas que infelizmente são trazidas para dentro da maioria das escolas brasileiras. Está na hora dos professores se rebelarem contra as acusações que lhes são impostas. Problemas da sociedade deverão ser resolvidos pela sociedade e não somente pela escola.

Não gosto de comparar épocas, mas quando penso na minha infância, onde pai e mãe, tios e avós estavam presentes e onde era inadmissível faltar com o respeito aos mais velhos, quanto mais aos professores e não cumprir as obrigações fossem escolares ou simplesmente caseiras, faço comparações com os alunos de hoje “repletos de estímulos”. Estímulos de quê? De passar o dia na rua, não fazer as tarefas, ficar em frente ao computador, alguns até altas horas da noite, (quando o têm), brincando no Orkut, ou o que é ainda pior envolvidos nas drogas. Sem disciplina seguem perdidos na vida. Realmente, nada está bom. Porque o que essas crianças e jovens procuram é amor, atenção, orientação e ...disciplina.

Rememorando, o que tínhamos nós, os mais velhos, há uns anos atrás de estímulos? Simplesmente: responsabilidade, esperança, alegria. Esperança que se estudássemos teríamos uma profissão, seríamos realizados na vida. Hoje os jovens constatam que se venderem drogas vão ganhar mais. Para quê o estudo? Por que numa época com tantos estímulos não vemos olhos brilhantes nos jovens? Quem, dos mais velhos, não lembra a emoção de somente brincar com os amigos, de ir aos piqueniques, subir em árvores? E, nas aulas, havia respeito, amor pela pátria.. Cantávamos o hino nacional diariamente, tínhamos aulas “chatas” só na lousa e sabíamos ler, escrever e fazer contas com fluência. Se não soubéssemos não iríamos para a 5ª. Série. Precisávamos passar pelo terrível, mas eficiente, exame de admissão. E tínhamos motivação para isso.

Hoje, professores “incapazes” dão aulas na lousa, levam filmes, trabalham com tecnologia, trazem livros de literatura juvenil para leitura em sala-de-aula (o que às vezes resulta em uma revolução), levam alunos à biblioteca e outros locais educativos (benza, Deus, só os mais corajosos!) e, algumas escolas públicas onde a renda dos pais comporta, até a passeios interessantes, planejados, minuciosamente, como ir ao Beto Carrero. E, mesmo, assim, a indisciplina está presente, nada está bom. Além disso, esses mesmos professores “incapazes” elaboram atividades escolares como provas, planejamentos, correções nos fins-de-semana, tudo sem remuneração;

Todos os profissionais têm direito a um intervalo que não é cronometrado quando estão cansados. Professores têm 10 m .de intervalo, onde tem que se escolher entre ir ao banheiro ou tomar às pressas o cafezinho. Todos os profissionais têm direito ao vale alimentação, professor tem que se sujeitar a um lanchinho, pago do próprio bolso, mesmo que trabalhe 40 h.semanais. E a saúde? É a única profissão que conheço que embora apresente atestado médico tem que repor as aulas. Plano de saúde? Muito precário. Há de se pensar, então, que são bem remunerados... Mera ilusão! Por isso, cada vez vemos menos profissionais nessa área, só permanecem os que realmente gostam de ensinar, os que estão aposentando-se e estão perplexos com as mudanças havidas no ensino nos últimos tempos e os que aguardam uma chance de “cair fora”.Todos devem ter vocação para Madre Teresa de Calcutá, porque por mais que esforcem-se em ministrar boas aulas, ainda ouvem alunos chamá-los de “vaca”,”puta”, “gordos “, “velhos” entre outras coisas. Como isso é motivante e temos ainda que ter forças para motivar. Mas, ainda não é tão grave. Temos notícias, dia-a-dia, até de agressões a professores por alunos. Futuramente, esses mesmos alunos, talvez agridam seus pais e familiares.

Lembro de um artigo lido, na revista Veja, de Cláudio de Moura Castro, que dizia que um país sucumbe quando o grau de incivilidade de seus cidadãos ultrapassa um certo limite. E acho que esse grau já ultrapassou. Chega de passar alunos que não merecem. Assim, nunca vão saber porque devem estudar e comportar-se na sala de aula; se passam sem estudar mesmo, diante de tantas chances, e com indisciplina... E isso é um crime! Vão passando série após série, e não sabem escrever nem fazer contas simples. Depois a sociedade os exclui, porque não passa a mão na cabeça. Ela é cruel e eles já são adultos.

Por que os alunos do Japão estudam? Por que há cronômetros? Os professores são mais capacitados? Talvez, mas o mais importante é porque há disciplina. E é isso que precisamos e não de cronômetros. Lembrando: o professor estadual só percorre sua íngreme carreira mediante cursos, capacitações que são realizadas, preferencialmente aos sábados. Portanto, a grande maioria dos professores está constantemente estudando e aprimorando-se.

Em vez de cronômetros precisamos de carteiras escolares, livros, materiais, quadras-esportivas cobertas (um luxo para a grande maioria de nossas escolas), e de lousas, sim, em melhores condições e em maior quantidade. Existem muitos colégios nesse Brasil afora que nem cadeiras possuem para os alunos sentarem. E é essa a nossa realidade! E, precisamos, também, urgentemente de educação para que tudo que for fornecido ao aluno não seja destruído por ele mesmo.

Em plena era digital, os professores ainda são obrigados a preencher os tais livros de chamada, à mão: sem erros, nem borrões (ô, coisa arcaica!), e ainda assim ouve-se falar em cronômetros. Francamente !!!

Passou da hora de todos abrirem os olhos e fazerem algo para evitar uma calamidade no país, futuramente. Os professores não são culpados de uma sociedade incivilizada e de bandidismo, e finalmente, se os professores até agora não responderam a todas as acusações de serem despreparados e “incapazes” de prender a atenção do aluno com aulas motivadoras é porque não tiveram TEMPO. Responder a essa reportagem custou-me metade do meu domingo, e duas turmas sem as provas corrigidas

sábado, 10 de julho de 2010

RELEMBRANDO...

   Foto do elenco da peça da autoria de Antonio de Jesus, " A DÔR DA RENÚNCIA",
    Tea
tro  Unidos " Meira Pires".  Na década de 70.  - Ceará-Mirim/RN - Velhos e bons tempos!!!!!
Obs. Joaquim Nunes ( Falecido  dia 5) é o quinto da esquerda para à direita da foto.

NOSSA HOMENAGEM AO CANTOR GOSPEL, JOTA NETO.


BIOGRAFIA


Natural de Parelhas, no Rio Grande do Norte, nascido num dia 27 de agosto, filho de João Paulo Alves e Anaiza Dina de Azevedo, já aos 6 anos de idade mudou-se para o Rio de Janeiro.

No inicio de sua vida profissional, tentou de tudo: inclusive como pintor artistico, entre outras atividades. Tudo em vão, pois nada disso era um plano em sua vida.
Aos 21 anos de idade, após expressivo acontecimento em sua vida, converteu-se e membrou numa Assembléia de Deus, onde chegou a ser líder de mocidade.
Quatro anos após sua conversão, aos 25 anos, lança seu primeiro disco: “Água Viva”. Depois vieram mais 21 álbuns.
Sua carreira é repleta de grandes sucessos, que se tornaram grandes clássicos da canção Gospel, tais como: Pensando Bem, Nada me Separa Desse Amor, É Bonita, Água Viva, Fogo no Altar, Conquista, etc etc É também o primeiro cantor gospel do Brasil, a ter canções em trilhas sonoras de novelas: “Escrava Isaura”, “Essas Mulheres” e “Cidadão Brasileiro”, todas na Rede Record. Além disso, é notoriamente o pioneiro da música "gospel romântica"
Em 2008, lançou uma verdadeira obra prima da música gospel brasileira, o CD "RIQUEZAS", repleto de grandes sucessos do passado, tais como: Consagração, Restitui, Alfa e Omega, Creio, Jesus Cristo mudou meu viver, Mover do Espirito, etc etc
No inicio de 2010, seu mais recente lançamento, pela Line Records, o CD: "UM MILAGRE NOVO" este só de canções inéditas.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

MORRE EM SÃO PAULO, O ATOR E MAQUIADOR, CEARAMIRINENSE, KIKO NUNES.

Joaquim Nunes, cujo nome artístico era KIKO NUNES, faleceu no dia 5 deste mês, acometido
de uma Leucemia. Era muito querido no meio artístico.  Participou de grandes montagens, como
2000 anos  atrás, 50  anos depois, Amargo Despertar, fez também alguns filmes de curta-metragens.
Era  também mestre na Maquiagem. Na década de 60/70, participou de grandes montagens no teatro
em Ceará-Mirim. Tive a honra de tê-lo lançado como ator. Participava em São Paulo do Grupo
Arautos da Luz - GAL.   À sua família, juntamos também a nossa tristeza, pela sua morte aínda prematura.
Como era seu desejo, o corpo foi Cremado. DESCANSA EM PAZ  AMIGO!

FOTOS DE KIKO NUNES