O Dia do Escritor nos leva a pensar muito sobre esse desejo inesgotável de escrever compulsivamente e no meu caso esse fascínio foi exercido desde os primeiros anos de vida.
O Primeiro Festival do Escritor Brasileiro se deu em 1960 e com absoluto sucesso por isso mesmo foi baixado um decreto Governamental instaurando-se dia 25 de Julho o “Dia do escritor”. A União Brasileira de escritores (UBE) foi o grande conquistador dessa causa representado por seu Presidente José Peregrino e o vice-presidente, Jorge Amado.
Realmente nada poderia ser mais justo do que transformar essa data em uma comemoração oficial já que os escritores brasileiros, com exceção daqueles que já têm cacife, não recebem estímulo de ninguém, muito menos do governo, tão preocupado sempre com eles mesmos.
E escrever quando se tem aquele dom é muito mais do que amor, é uma paixão irrefreável e compulsiva que nos faz reféns da inspiração a transbordar de nossas almas. É ternura, força e sangue a gotejar com desmedido vigor.
O escritor faz um trabalho na maioria das vezes solitário, porém seu fascínio é tão grande que nada o detém na corrida inesgotável de seus pensamentos e de sua imaginação. Precisa escrever sempre mais e profundamente e nunca chega ao ápice, pois quando pensa que está terminando uma idéia outra chega com mais força derrubando estruturas e se impondo acima de todo e qualquer desejo.
Muitas vezes o escritor não expõe nem divulga seus escritos bem como Alice Dayrell Caldeira Brant (1880-1970) com o pseudônimo de Helena Morley, uma escritora brasileira De Diamantina Minas Gerais e ascendência inglesa que escreveu um diário entre 1893 e 1895 na adolescência e publicou-o somente aos 62 anos.
Minha Vida de Menina – O Diário de Helena Morley, foi um best-seller o que muito surpreendeu à autora, um único livro que ela escrevia nos intervalos de seu tempo, mas cujo encanto foi descoberta pelos leitores. E recentemente transformado em filme de longa metragem
Minha Vida de Menina – O Diário de Helena Morley, foi um best-seller o que muito surpreendeu à autora, um único livro que ela escrevia nos intervalos de seu tempo, mas cujo encanto foi descoberta pelos leitores. E recentemente transformado em filme de longa metragem
A.J.Cronin (1896-1981) um escritor escocês que exerceu sua profissão de médico durante anos começou a escrever já adulto e exercendo a profissão de um brilhante médico e foi dominado por essa paixão trazendo até suas experiências de vida médica para os livros que escrevia. Alguns deles foram best-seller e sua vida de menino pobre que perdera o pai na infância teve uma influência em sua vida e nos seus escritos.
Vários exemplos poderíamos citar dessa idolatria pela escrita, esse ofício que nos deixa em transe e nos arrasta como um vendaval para caminhos desconhecidos e deslumbrantes onde a natureza, a vida, a morte, os reflexos estagnados em nossos corações e o momento supremo em que nos transportamos extasiados para outras paragens sublima tudo que esteja ao nosso redor.
Escrever é sentir sensações inexplicáveis,viver entre a consciência e a razão, mas sempre idealizando, sonhando, tendo como parceiro o horizonte colorido e iluminado. E no dia 25 de julho abriremos os olhos com a certeza que valeu a pena lutar para realizar esse sonho mesmo que nossos nomes não figurem entre os ícones da literatura. Certos, entretanto da concretização de profundos objetivos, contribuindo com nossa palavra para deixar uma semente que poderá crescer um dia e usando a literatura como a principal meta para disseminar a esperança, a vitória e a solidariedade principalmente nos momentos de crises e decepções.
O Dia do escritor me faz pensar nos grandes expoentes que foram nossos mestres, nos quais nos apoiamos e com quem aprendemos a avaliar em cada linha a qualidade de suas prosas ou poesias. E exaltá-los por todos os momentos em que estivemos em contato com eles, usufruindo a literatura, elevando-a e transformando-a no elo que une todos os seres humanos num movimento de amor e compreensão.
Vânia Moreira DinizJulho- 2010
Fonte: Revista ZAP